DEVER DE CASA – A SUSTENTABILIDADE

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Por: Paulo Maia

Não precisamos parar as nossas vidas para ouvir a professorinha do agreste de Pernambuco e aprender que, para se fazer bem o dever de casa, é preciso, no mínimo, estar atento às aulas. Isto até o moleque que joga bola no campinho atrás do colégio sabe. Estar atento às aulas e nelas buscar o aprendizado para crescer e fazer crescer uma comunidade, um bairro, uma cidade, um estado, enfim, um país, é questão sine-qua-non.
Nesta busca do aprendizado deve estar contido que não se deve mentir, pois, com certeza, este “instrumento” é um dos maiores entraves para o crescimento.
O fiasco da participação da enorme comitiva brasileira (composta por 800 pessoas, dinheiro meu, seu, nosso) na COP 15, na Dinamarca, já era altamente previsível pelos dois motivos expostos acima: dever de casa mal feito e a mentira, obviamente, mais uma vez maquiada de falso conhecimento. O ápice da mentira está no fato de que, enquanto o Presidente Lula discursava apresentando as “intenções” para daqui a alguns anos diminuir o desmatamento e a emissão de carbono, em Brasília, eram aprovadas as medidas mais esdrúxulas para aumentar o desmatamento e, consequentemente, aumentar a emissão de poluentes na atmosfera.
Foi constrangedor assistir aos dois fatos acontecerem simultaneamente. Era mais ou menos como lembrar de um sujeito que discursava sobre moralidade, em uma tarde de sábado, no boteco da esquina, enquanto sua fogosa cônjuge realizava fantasias sexuais com o seu melhor amigo, sob seu consentimento e, o que era pior, com o conhecimento de todos.
Fechar os olhos para o que tramita na política brasileira, onde velhos e vorazes lobos se locupletam à luz do dia e usar um discurso fácil em um encontro de suma importância como foi a COP 15, sem sequer saber do que está em questão, ou fingir que não sabe, deveria ser considerado crime, já que o efeito desta atitude é devastadora.
Não bastasse a desastrosa participação do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff, candidata à presidência e chefe da maior delegação presente na COP 15, também não surpreendeu e, com sua peculiar arrogância, vociferou: ” O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável!” Diante disso, o festivo e sempre desautorizado Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, jogou a toalha e se calou.
Com tantas trapalhadas e depois de causar tantos constrangimentos, o presidente Lula deixou Copenhague mais cedo do que o previsto sem apresentar propostas e sem assinar qualquer documento que comprometa o Brasil com metas de crescimento sustentável, levando todos a acreditar na célebre frase: O Brasil não é um país sério.
Com este fiasco estabelecido, podemos até pensar que o presidente Lula sequer sabe o que é a Amazônia, quantos países a compõem, quantos estados brasileiros fazem parte dela e qual é a diferença primária entre Amazônia e Amazonas, e ainda acreditarmos que esse governo irá entrar para a história como o governo do faz de conta. Foi assim quando usou um discurso para proteger o meio ambiente mas deu continuidade ao projeto do enxofre nos caminhões e ônibus para favorecer a indústria automobilística. Foi assim também com a manutenção das termoelétricas, a falência do projeto biodiesel e, lamentavelmente, está sendo assim agora: quando o mundo busca uma nova alternativa de combustível, o governo cria a fantasia do pré-sal.
Enfim, no governo Lula pode-se participar de tudo e falar qualquer coisa que não tenha fundamento nem consistência, o que só comprova a total falta de compostura com a verdade, aniquilando de vez a busca do saber científico, levando, assim, o país ao caos.
PAULO MAIA É JORNALISTA, AMBIENTALISTA, DIRETOR PRESIDENTE DA ONG SOS AVES E CIA.

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